quinta-feira, 14 de julho de 2011

A necessidade faz o sapo pular


Não posso imaginar como foi que eu me distraí e deixei acontecer, mas já vivi o desespero inenarrável de chegar em um hotel à noite em cidade pequena, comércio fechado, e não ter levado um único livro. Já pensaram na situação? Em um quarto que não era meu, uma tevê com meia dúzia de canais (ruins) e ter só os impressos de propaganda do hotel para ler?
Creio que foi uma das poucas oportunidades da minha vida em que fiquei assim tão desamparada. Naquela época eu não levava (creio que nem tinha) computador nas viagens, ou seja, nem essa muleta estava disponível. Era chorar ou chorar. Eu me detestei profundamente por pelo menos uma sólida meia hora.
Não lembro mais se demorei a dormir e o que eu fiz até o sono chegar, mas a sensação eu jamais esqueci, tanto que eu não só nunca mais deixei de colocar um ou mais livros na mala, como também compro sempre alguma coisa nas livrarias dos aeroportos, rodoviária, padaria, supermercado, o que estiver mais perto.
Voltando um pouco mais atrás, quando eu tinha 17 anos a família inteira viajou para as praias do Uruguai nas férias. Ficamos lá duas semanas, choveu horrores e o que eu tinha para ler não durou tanto. O resultado foi que fiquei craque na leitura em espanhol, o que eu não entendia eu adivinhava. Foi a solução possível, e eu me virei lindo, o que só comprova que a necessidade não tem lei e ensina mais que um rei, que não há melhor mestra que a necessidade e que a necessidade é a mãe da invenção. Ponto.
Tive um namorado que dizia que pagaria qualquer quantia se pudesse aprender inglês em um método que injetasse o conhecimento diretamente na veia, tal qual injeção. Eu concordo plenamente, até porque já frequentei “ene” cursos de inglês e ainda sou uma capenga no idioma. A alternativa talvez fosse viajar para os Estados Unidos sem livro algum. Aposto que voltaria uma verdadeira Gore Vidal de saias e salto alto.

2 comentários:

Mi Müller disse...

Nada poderia ser mauis verdadeiro... é uma lástima completa ficar sem o que ler, eu já cheguei a levar 5 livros para uma estada de 3 dia na serra, marido riu do "absurdo" eis que choveu e os livros foram todos devorados e disputadados a preço de ouro hehehehe...

Anônimo disse...

Ai, uma situação realmente triste essa! Tento sempre levar um livro na bolsa, para casos como esse, de total desamparo. Mas às vezes acabo esquecendo também.


Camila Faria