quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Sobre facões, Natais, tratores e teias de aranha


Quase  precisei de um facão para tirar o mato crescido neste desprezado blog, após mais de um ano de ausência. Não vou tentar explicar nem para mim mesma porque saí e menos ainda porque voltei. Benjamin Disraeli já dizia nos idos do século retrasado, nunca se queixe, nunca explique, nunca se desculpe. Como sempre fui campeã de justificativas e explicações, inauguro uma nova fase, na qual retorno com força total, mas tolerante com a minha pessoa, passando a mão na própria cabeça, numa verdadeira ode à preguiça e à complacência.
E como esse blog é quase um diário pessoal, que de raro em raro recebe visitas, vou fazer de conta que esse hiato de tempo não existiu e voltar a fazer algo de que gosto muito: falar sobre livros e adjacências. Já totalmente em ritmo de ano novo, troco calendários, agendas, esvazio gavetas e espano as teias de aranha do Ex Libris. Vamos em frente!
O impulso para retomar essa conversa comigo mesma voltou há dois dias, quando meu irmão pediu aquilo que chama de tradicional lista de Natal, na qual registro e envio para a família os nomes dos livros que encontrarei ao pé da árvore, sem compromisso nem mesmo de fazer cara de surpresa. Como continuo desorganizada, comprando mais do que consigo ler e buscando na estante coisas que resolvi revisitar, claro que nem lista tenho.
Nos aniversários e Natais da minha infância eu ganhava livros dos meus avós paternos. Naquela época só se ganhava presente em datas certas e importantes. Meu avô (o autor do desenho do meu ex libris) identificou muito rápido meu gosto pela leitura e estou certa de que ele tinha imensa satisfação em me presentear com livros. Não tenho muita certeza, mas acho que era ele quem os escolhia, embora para isso certamente precisasse se deslocar, pois morava em uma pequena fazenda a alguns quilômetros da cidade. Quando faltava o transporte pelos mais diversos motivos, vinha ao centro de trator mesmo. Não esqueço a satisfação com que ele me recomendava leituras e cobrava minha opinião.
Hoje faço o mesmo com a minha afilhada e ganho livros do meu irmão. Quem herda não rouba e alguém da família tinha que levar a tradição à frente, não? Mas será que se eu pedir com jeitinho rola um passeio de trator só para matar algumas saudades?