domingo, 6 de dezembro de 2009

Domingo literário


Passei o domingo in-tei-ri-nho na cama. Lendo. Não estava doente, nem nada. Só com preguiça. Atraquei-me com o último livro de Paul Theroux (O Safári da Estrela Negra) e mal vi que hoje o dia foi ensolarado e deu praia para quem se arriscou a enfrentar o vento. Amanhã meus amigos que não moram em Floripa e morrem de nostalgia de praia vão pegar no meu pé por isso. Ou seja, a minha viagem foi só simbólica mesmo. Aliás, é engraçado o gosto que tenho por livros de viagens, expedições, aventuras e loucuras quando eu mesma viajo até pouco.
Este é o terceiro livro de Theroux que leio. Já li "O grande bazar ferroviário" e "Viagem de trem através da China" e curto esse estilo orient express de viajar. Fico me imaginando só com uma mochila, sem celular, sem destino e sem data para chegar. Tudo de bom.

Para quem deseja saber mais sobre o livro, lá vai: 'O safári da estrela negra' é o relato de um itinerário que se estende do Cairo à Cidade do Cabo, pelo trajeto do rio Nilo, pelo Sudão e pela Etiópia, pelo Quênia e por Uganda, e termina na ponta da África do Sul. Viajando de trem, canoa, caminhão de gado, Theroux passou por algumas das paisagens mais bonitas da Terra, e também pelas mais perigosas. Foi uma viagem de descobertas e de nostalgia. Neste livro, o autor aparece no ambiente que mais gosta - encontros casuais que resolvem tudo, horários irrelevantes de embarque e chegada e a alegria de estar se equilibrando em cima de um caminhão no meio do nada. Observador do que acontece na África, Paul faz uma jornada épica pelo continente.

Ah! A ilustração eu peguei no site "Toucan Art" (www.toucanart.com/pt/) e é tudo a ver comigo...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sobre livros e lixo


Lendo hoje um dos meus blogs favoritos, o Casa Claridade (http://casaclaridade.blogspot.com/) da querida Hazel (sorry, Hazel, não sei fazer link, fica aqui o endereço), mais uma vez me espantei ao ver que ela novamente encontrou livros no lixo (e que os pegou, feliz da vida, lógico).
Nunca tive essa sorte e bem que eu gostaria. Duvido que as pessoas não joguem livros no lixo por aqui, só creio que os papeleiros os levam antes. Fico imaginando que eu poderia estar andando pela rua e esbarrar em livros antigos como os que ela encontra e não teria o menor pudor em me abaixar, “garimpar” e levá-los para casa. Aí fico pensando: que tipo de gente joga livros no lixo?


Em tempo: fui procurar uma imagem para o post e achei essa do Mauro Silva no Google, onde deparei-me com centenas de notícias de livros jogados em lixeiras, muitos deles por escolas, acreditam? Depois reclamam que crianças e jovens não gostam de ler e fogem das leituras obrigatórias no colégio. Não é para menos, o exemplo não vem de quem deveria. E pensar que eu também pago os salários dessa gente...

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Corrigindo uma injustiça

Há cerca de duas semanas, num hiato inexplicável de tempo que tive durante a tarde (milagres que acontecem), passei rapidinho no sebo mais próximo do escritório e que frequento quase religiosamente há uns cinco anos. Ali tive duas surpresas, uma ruim e outra boa: a primeira é que o sebo estava de mudança. Coincidentemente aquele era o último dia naquele endereço e foi uma sorte eu ter passado por ali, pois já peguei o mapa da próxima localização (bem mais longe, por sinal, o que complica minha vida nos dias escaldantes de verão).
A parte boa da visita foi que achei um livro de Thomas Mann à venda, coisa raríssima, e por dez reais, melhor ainda. E um livro que eu não conhecia: Felix Krull – Confissões de um impostor, o último romance escrito por Mann. Mas o que me chamou a atenção ao folhear o livro foi ver que ele tinha páginas coladas, precisando uma espátula, tesoura ou estilete para serem abertas. E detalhe: o livro – bastante velho e gasto – só foi aberto até mais ou menos a página 50. A partir dali, pelo visto nenhum olho humano andou por ali.
Triste, não? Um livro que envelheceu sem ser lido, folheado. Pode parecer bobagem, mas isso mexeu tanto comigo que o coloquei no topo de uma das pilhas de livros que esperam a vez na minha cabeceira. Sei lá, parece que me achei na obrigação de corrigir uma injustiça...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

E já que estou falando em ordem....

"Escrever é colocar em ordem nossas obsessões". Jean Grenier

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ordem? Que ordem?


Guardo meus livros organizados em ordem alfabética pelo sobrenome do autor. Isso eu aprendi ainda criancinha na primeira biblioteca que frequentei, no colégio onde aprendi a ler. Até onde sei, a sistemática é praxe e tem como objetivo facilitar a procura de determinada obra. Até aí tudo bem. Mas é absolutamente insuportável que algumas livrarias de renome aqui de Florianópolis queiram ensinar um novo caminho das pedras e coloquem os livros nas prateleiras por ordem alfabética de título. Ah! Elas fazem exceção para os escritores mais conhecidos e, gentilmente, colocam Jorge Amado ao lado de Jorge Amado, Jane Austen ao lado de Jane Austen. E que nos contentemos com isso.
Aí fica difícil, dona chica! Já sapateei, reclamei com as coitadas das vendedoras, mas não tem jeito. O sistema muda por um ou dois meses e depois retorna à barbárie literária. Estou longe de ser especialista no tema, mas que dá ódio procurar um livro pelo título do qual muitas vezes não temos certeza, isso dá. E ainda temos que ouvir a vendedora explicando que essa é a forma certa de expô-los. Muito obrigada, minha filha. Qualquer sebo (abençoados sejam) tem mais didática que vocês. E é uma peninha, pois adoro livrarias... Mas isso é assunto para outra hora.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Vejo, logo existo!


A leitura tem (mais) uma qualidade que para mim é fundamental. Tem o dom de me levar para longe, ajuda-me a esquecer os problemas – pelo menos momentaneamente – e distrai-me do martelar de pensamentos obsessivos quando nem tudo vai bem. Graças a livros maravilhosos, e a outros nem tão bons assim, viajo e retorno encontrando uma realidade diferente porque tudo serve de aprendizado. Recentemente estou lendo sobre a vida de Helen Keller, que aos dezoito meses de idade ficou cega e surda e de sua luta árdua e vitoriosa para se integrar na sociedade, tornando-se além de celebre escritora, filosofa e conferencista, uma personagem famosa pelo trabalho incessante que desenvolveu para o bem estar das pessoas portadoras de deficiências.
A leitura desse livro me ajuda a agradecer pela minha visão quase perfeita (vista cansada é uma merda e um indicativo de idade) e – bem Pollyanna mesmo – mostra que tudo podia ser pior.

Na foto à esquerda, Helen Keller com a professora, Anne Sullivan, a professora de vinte e um anos que foi morar em sua casa para ensiná-la a "ver" o mundo.

“Belos dias como estes, fazem o coração bater ao compasso de uma musica que nenhum silêncio poderá destruir. É maravilhoso ter ouvidos e olhos na alma. Isto completa a glória de viver”. Helen Keller

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Ler em alemão...

Devo meu vício (vício?) em livros ao meu avô paterno. Desde muito cedo ganhava livros de história nos aniversários e no Natal. Com um detalhe: não eram simples “historinhas”, mas livros bem juvenis, com enredo e muitas páginas para vencer. Aos poucos fui aprendendo a fazer pedidos específicos e esperar pelas datas para ganhar novas obras. Aliás, quando eu era criança, só ganhávamos presentes em ocasiões bem marcadas, nada de presentinhos fora de hora. Talvez por isso eu tenha valorizado tanto cada livro que ganhei. Ainda tenho vários.
Com os anos fui começando a “namorar” a estante de livros do seu Ernesto, rondando-a e pedindo empréstimos. Ele também colecionava a Seleções do Readers Digest em alemão (Por que eu não aprendi o idioma? Não me conformo!). Quando ele adotou a edição em português eu fiquei freguesa e adorava ler e reler (e recortar) as revistas. Talvez por isso até hoje eu goste das edições bem antigas (décadas de 40 e 50) quando as encontro nos sebos.
Na última vez que vi meu avô antes dele falecer repentinamente dois dias antes da minha festa de 15 anos, levei a maior bronca pela demora em devolver seus livros e pelo estado em que os deixava. Saí da casa dele emburrada pelo merecido pito. Hoje, quase todas as minhas manias são as mesmas dele e ainda não perdoei minha mãe por ter me convencido a abrir mão da estante de livros que ele tinha em seu quarto. E daí que a maioria era em alemão?

terça-feira, 30 de junho de 2009

ACHEI!!!!!


Cheguei à conclusão de que este blog me dá sorte. Na semana passada, após quase 10 anos (não é exagero, foram quase 10 anos mesmo!) de procura, encontrei, inesperada, espantosa e deliciosamente o livro que me faltava de Jane Austen, a Abadia de Northanger, do qual já falei aqui. Passei em um dos “meus” sebos para ver se achava um livro que a minha afilhada precisava ler para a escola. Não achei. Batendo papo com o dono do local, comentei como eram raros os livros de Jane Austen nos sebos e ele respondeu “acho que tem um aí”. Juro que fui olhar por puro acaso, pois não acreditava na possibilidade de esbarrar com este tesouro. Quando vi que era o livro que procurei por tanto tempo quase chorei! Por R$ 9,00 comprei o livro que um cara de uma comunidade do Orkut tentou me cobrar R$ 180,00!!! Definitivamente, naquele dia os anjos estavam alertas.

Agora estou lendo muito lentameeeeeente, tentando fazer durar, pois é o último livro inédito (para mim) dela.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Sobre dedicatórias


Xeretando hoje nas prateleiras do Sebo da Ivete, local que visito quase que religiosamente na esperança de achar algo que fuja do lugar comum, dei de cara com um livro escrito por jornalista aqui da terrinha, com uma dedicatória feita ao colunista de jornal mais conhecido do Estado. Apesar de ser chamado – na dedicatória – de “ilhéu de maior prestígio de Santa Catarina”, o agraciado mesmo assim se desfez da obra. Fico com pena do autor, que enviou o livro com registro de apreço, e do presenteado, que não teve o cuidado de pelo menos suprimir a página antes de vender/trocar ou quem sabe passar adiante para alguém que vendeu/trocou o livro (sabe-se lá os caminhos tortuosos dos livros depois que saem definitivamente de nossas mãos).
Aliás, dedicatória é uma coisa que me intriga. Tenho alguns livros devidamente autografados e com palavras lindas. Não tenho o hábito de me desfazer de livros, mas no dia em que o fizer, pretendo conferir um por um. Atenção, galera: quando eu passar desta para melhor, favor não se livrarem dos meus livros sem conferir antes. É muito feio.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Eu concordo!

"A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde." André Maurois

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Garimpos...


Adoro sebos. E quando mais bagunçados melhor. Pilhas e pilhas de livros desmoronando de cima de mesas fazem a minha cabeça. Também gosto de pensar que vou achar uma raridade, embora isso seja pura ficção. Donos de sebos, assim como os donos de antiquários, sabem perfeitamente o que é tesouro e o que é porcaria. E cobram preços à altura das preciosidades.
Mas sei lá, ainda acho que um dia vou esbarrar acidentalmente no livro que me falta da Jane Austen, ou em alguma primeira edição rabiscada por alguém que admiro. E admito que sou atraída pela possibilidade de comprar por alguns poucos reais algo que eu pagaria dez vezes mais em uma livraria. Mas não se enganem, também adoro livrarias. Mas isso é assunto para outro post...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Redescobertas


Tenho desde criança um hábito que já virou compulsão: releio incansavelmente os livros que um dia me encantaram o coração. E o mais interessante é que a cada nova leitura eu reencontro o antigo prazer. Em muitos livros eu chego a saber trechos de cor. E mesmo assim reencontro a magia guardada entre as páginas mesmo sem qualquer elemento surpresa. Raramente fico tanto tempo sem reler um livro a ponto de esquecer o que acontece e como termina. Vou mais longe: releio os livros de infância que consegui salvar. Talvez procurando a menina que fui um dia.
Há alguns anos eu descobri que não estou sozinha. Aliás, muito bem acompanhada: o escritor William Faulkner tinha o hábito de reler todos os anos os autores que amou na juventude: Cervantes, Flaubert, Balzac.
Borges também tinha o hábito de reler velhos clássicos e traduzia o seu amor pela literatura afirmando que “se recuperasse a visão eu não sairia de casa, ficaria lendo e relendo os inúmeros livros que possuo.”
Claro que muita gente tem esse hábito e não vou ficar aqui dando uma de pedante achando que só eu – além dos mestres – faz isso. Mas até hoje não encontrei pessoalmente uma alma gêmea na releitura. E adoraria.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Esnobes na bolsa


Carrego seeeeempre um livro na bolsa. Sabe-se lá o programa de índio que vai me atacar e eu posso ter que ficar mofando em algum lugar. Se isso acontece, eu não me aperto: saco o livro e fico lendo, literalmente saio do ar. No momento, habita a minha bolsa uma edição de “Os espólios de Poynton”, de Henry James, escritor que me conquistou há uns dois anos. Ah, os ingleses esnobes... A minha bolsa? Imensa, claro!

terça-feira, 17 de março de 2009

Eu concordo!

“Talvez não haja na nossa infância dias que tenhamos vivido tão plenamente como aqueles que pensamos ter deixado passar sem vivê-los, aqueles que passamos na companhia de um livro preferido. Ler para viver, ler para fazer perguntas. A leitura é a mais civilizada das paixões. Mesmo quando registra atos de barbarismos, sua história é uma celebração da alegria e da liberdade. Ler significa aproximar-se de algo que acaba de ganhar existência." Marcel Proust

segunda-feira, 16 de março de 2009

Os cães que ladrem


Não tenho preconceitos na área da literatura. Tenho paixões ou tédio absoluto. Não perco tempo detestando determinado autor ou obra. Estou ocupada demais, lendo tudo aquilo que consigo e que me interessa antes de passar dessa para melhor. Na minha comunidade do orkut http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6284493 já rolaram discussões furiosas sobre Paulo Coelho e outros que tais. Não estou nem aí. Desde que eu não seja obrigada a ler o que não me interessa, está tudo certo. Abrigo apenas um solene desinteresse por aquilo que considero perda de tempo. E sigo em frente, com os cães ladrando.

Chibata é pouco


Admito: não consegui ler “Ulisses”, de James Joyce, nas três vezes em que tentei. Na primeira vez eu estava na faculdade e creditei a dificuldade à minha juventude e minha sede por leituras mais fáceis. O livro era grande demais, denso demais, lento demais. Para as duas outras tentativas (a última delas bem recente) não tenho justificativa. Não consegui e pronto. Podem me chicotear.

Paixão cara


Conheci Jane Austen por acaso. Na época, milênios atrás, não imaginava estar descobrindo um tesouro, disfarçado nas estantes de um sebo em Florianópolis. Devorei “Orgulho e Preconceito” em uma tarde e desde então não parei mais de perseguir a autora. Dos seis livros conhecidos de Austen possuo cinco e não perco a esperança de esbarrar no último deles, “A Abadia de Northanger”, esgotadíssimo e raridade absoluta. Há algumas semanas o dono de um sebo do Rio de Janeiro respondeu-me que tem o livro e que ele custa a bagatela de R$ 180,00!!!!! Não dá, minha paixão não comporta um custo desses. Vou continuar sonhando com uma reedição ou com um encontro fortuito em alguma estante mais economicamente viável.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Um blog ou um estômago?

Criei este blog para falar sobre livros. Sozinha ou com outras pessoas. Sem muita pretensão de companhia, mas na expectativa dela.
Enfim, este espaço é uma tentativa de partilhar impressões e - quem sabe - encontrar seres semelhantes, que têm nos livros uma fonte de profunda satisfação temperada com a angústia de saber que nunca poderemos ler tudo o que desejamos. Ou pior ainda. Que há muito a desbravar e podemos perder preciosidades por pura desorganização ou desconhecimento.
A verdade é que concordo com o que disse o Marquês de Maricá, "a leitura, como a comida, não alimenta se não digerida". Isso me faz pensar: seria este blog um estômago virtual no qual tentarei digerir o que leio?