terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Retorno à sexta série


Ao contrário da maioria das pessoas, não gosto muito de surpresas. Sei lá, deve ter faltado esse gene quando fui gerada. Fico sem ação, levo uns dois ou três minutos para saber o que dizer, paro com sorriso idiota no rosto (quando é boa) e boca aberta (quando é ruim). Imagino que eu seja raridade, mas abro uma exceção: lido melhor com surpresas quando estou sozinha e não me perguntem o porquê.
Deve ser por isso que gostei tanto quando, há umas duas semanas, ao chegar em casa no final do dia e encontrei me esperando a maravilha da foto: sete livros de uma coleção muito antiga que reúne obras de José de Alencar, Aluísio de Azevedo e outros autores brasileiros. Carinhoso presente da querida Lurdes, que há quase 15 anos cuida da minha casa melhor do que eu. Além de deixar tudo brilhando, fez brilhar os meus olhos.
Os livros por si só já são lindos e ao folheá-los encontrei romances brasileiros que tínhamos que ler no tempo do colégio. Provavelmente eu era uma das poucas alunas a gostar da “obrigação” e fazia um belo suco dos limões que nos empurravam. Claro que na época li muita porcaria e ainda quero entender porque – com tanta opção maravilhosa – não indicavam obras de mais fácil leitura para adolescentes inquietos. Certamente vem daí a falta de interesse de tanta gente pela leitura.
Com o presente fiz mais uma viagem no tempo e recordei quando – na sexta série – tive uma professora que nos fazia, além de ler os livros, resumi-los e adaptá-los a peças teatrais que representávamos para os colegas de classe, literalmente morrendo de vergonha. Só quem tinha veia artística se safava, o que certamente não era o meu caso.
Creio que ali descobri meu gosto pelas palavras, eu era inevitavelmente a responsável pelo resumo e adaptação do livro. Devia dar certo, pois sempre tive ótimas notas em literatura. Pena que, petulante, já que assumia a parte mais difícil do trabalho, reservava o papel principal para mim, na cara dura. Só por isso eu já merecia um belo zero. Mas a Lurdes ganhou um dez com estrelinhas pela lembrança carinhosa, por não se importar em aumentar o número de livros para tirar o pó em um apartamento já sobrecarregado, e por me permitir desfrutar da surpresa como gosto: sem platéia. Realmente, os tempos de papel principal eu deixei para trás faz tempo...

4 comentários:

Anônimo disse...

Presentão!!!!! Uhuuuuu!!!!!
Beijuuuuu
L.

Camila Faria disse...

Que surpresa mais linda! Certamente ela te conhece como ninguém, acertei? Eu também adorava esses livros "obrigatórios" da época do colégio e costumava ler todos antes mesmo do início do ano letivo. Sim, eu era uma criança ansiosa. ;)

Carol Paiva Blog disse...

Que delícia ganhar esses livros! Na época da escola eu sempre empurrei mesmo, ainda mais quando chegou o pré vestibular, lia só as resenhas e resumos dos professores.
Beijos,
Carol.

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Cecilia Nery disse...

Às vezes eu também não gosto de ser pega de "surpresa", mas, ao mesmo tempo, gosto que me surpreendam... Que legal sua história, sem dúvida, uma bela surpresa. Beijos.