quarta-feira, 13 de julho de 2011

Até dicionário!


Sim, eu leio até dicionários. Claro que eu tenho o Aurélio no computador, mas outro dia peguei o exemplar do Houaiss do escritório para uma pesquisa mais completa e quando “acordei” meia hora havia se passado comigo enlouquecida mergulhada na letra P.
Esse é um hábito que vem da infância e muita gente me pergunta “mas você não tem o que ler?”. Tenho sim, e as pilhas de livros nos dois lados da minha cama estão ali para não me deixar mentir. Mas os dicionários têm um fascínio ao qual não consigo resistir. É meio que como bula de remédio ou rótulo de xampu: leio que porque vai que ali tem uma informação relevante/milagrosa/super útil e num dia não muito distante eu poderei usá-la.
Na casa dos meus pais tínhamos um dicionário que eu achava enorme, mas vejo hoje que era pinto perto dos de hoje. E todo mundo o consultava, até os vizinhos pediam-no emprestado. Acredito que naquela época eu lia dicionário porque ainda não tinha todos os livros que gostaria. E será que algum dia eu os terei?
Um dos motivos para o meu imenso repúdio à reforma ortográfica (são vários) foram os dicionários perdidos. O que eu faço com os três que tenho? Meu coração se revolta com a ideia de mandar reciclar aquele papel todo; por outro lado, nada altera o fato de que estão definitivamente defasados.
Também li muita enciclopédia quando criança e adolescente, numa época em que a internet era coisa dos Jetsons, mais ou menos como o teletransporte. Meu pai comprou algumas enciclopédias (o vendedor batia na nossa porta à noite e a gente os recebia, coisas de quem vivia no interior) e eu adorava, aprendi coisas ali que me servem até hoje. Perdi a conta das vezes em que minha mãe ou minha avó brigaram comigo para eu apagar a luz e ir dormir. Ou para fechar o livro e ir brincar na rua. Acho que elas temiam que eu “estragasse” os olhos de tanto ler. A vantagem que eu tive em relação às crianças de hoje é que, além de ler muito, eu brincava literalmente no meio da rua, subia em árvores, andava com os pés descalços e tomava banho de chuva.
Mas quando voltava para casa depois da pauleira, abria o livro, a revista, a enciclopédia. Ou o dicionário.

3 comentários:

Mi Müller disse...

Denise querida, comungamos desta predileção, os dicionários são uma leitura recorrente e que me absorvem de tal maneira que esqueço o mundo lá fora hehehehe... Ah as enormes e lindas enciclopédias que tinham na casa de meus avós! Quanta saudade! Meu pequeno herdou o apreço por elas e tenho alguns exemplares aleatórios que ele ama ler, coisa linda de se ver ele vindo contar uma coisa incrível que descobriu lendo os verbetes da Barsa hehehehe...
estrelinhas coloridas...

Anônimo disse...

Sabe que eu acho que nem tenho mais dicionário em papel? Só no computador. Coisas dessa modernidade, né?

Beijo,
Camila Faria

Cecilia Nery disse...

Nossa, Denise, parece que me vi, anos atrás, neste seu post. Não chegava a ler tanto o dicionário assim, mas lembro de que sempre que o pegava, ficava conferindo as outras palavras, é muito gostoso. E que vergonha, hoje não tenho um dicionário e sei que preciso urgentemente comprar, a despeito dos que existem na internet. Para mim, não são a mesma coisa.
Quanto às enciclopédias, também peguei essa fase. Lembro dos vendedores de porta em porta, e meu pai adquiriu várias. Era muito bom folheá-las e lê-las.
E as brincadeiras de ruas então? A amarelinha, o corre corre, andar de bicicleta, pular corda. Coisas que hoje estão esquecidas pela gurizada. Uma pena. Bjs.