quarta-feira, 27 de abril de 2011

Meu ex libris


Sempre tive o hábito de assinar a primeira página dos meus livros e colocar o ano de aquisição. Fiz isso durante muito tempo até “descobrir” os ex libris e me apaixonar pela ideia. Rapidinha, do pensamento à ação foi menos de um dia. Fui pesquisar na internet e achei modelos de tudo, desde os muito simples, como o de José Mindlin, aos muito complicados, verdadeiras obras de arte.
Vi ex libris engraçadinhos, pornográficos (vi sim!), ameaçadores aos possíveis gatunos de livros (aqueles seres odiosos que pedem emprestado e não devolvem), meigos, infantis e os super hiper mega plus criativos. Descobri também que inúmeros ex libris apresentam apenas uma ilustração ou, como queiram, uma espécie de selo; porém, outros têm ainda uma espécie de "divisa", frase ou mesmo pensamentos específicos.
Aí fiquei pensativa. Não iria colocar uma frase que não fosse minha e como não me ocorreu nada brilhante/definitivo sobre o meu amor pelos livros, comecei a pensar na ideia de usar uma imagem. Mas não podia ser qualquer imagem, tinha que ser algo que super tivesse a ver comigo e com a minha história. E como quase nada na minha vida se arrasta, tudo corre, acendeu-se a lâmpada metafórica sobre a cabeça e lembrei que uma das paredes do meu apartamento tinha emolduradas exatas 15 ilustrações feitas a bico de pena pelo meu avô em 1922. Eram casarios e castelos da Alemanha, imagens de pura saudade da parte dele. Todas de paisagens, sem figuras humanas, com uma única exceção, a de um “caminhante”, que passou a ilustrar o meu ex libris.
Na minha opinião, ficou lindo e, melhor ainda, repleto de significados, já que meu avô foi desde muito cedo um dos grandes incentivadores que tive (foram vários, que sorte) para que enveredasse pelos caminhos da leitura. Gosto de pensar que ele me acompanha em todos os livros que compro e leio e de pensar que a sua arte e a sua alma continuam vivas não só em mim, mas se tornaram algo que saiu para o mundo. É como se os seus ensinamentos tivessem de fato brotado e criado raízes. Hoje, quando procuro fazer o mesmo com a minha afilhada, não deixo de nutrir esperanças de que ela um dia lembre de mim como alguém que a ajudou a construir o seu amor pelos livros.

Enfim, aí está. A imagem que ilustra este post nem poderia ser outra. Só com um detalhe: a cor de fundo não é esse "rosado" que se meteu aqui no computador. Ele é todo com uma cor envelhecida, combinando com o desenho, que foi feito pelo meu avô em um bloco de folhas muito grossas, antigo mesmo, parecendo papel reciclado, mas que pela época não devia ser.

4 comentários:

Mi Müller disse...

Ah Denise que lindeza de texto, que lindeza de ex libris, eu também concordo contigo ele tem que ter significado, falar alto ao coração, é emocionante ler sobre o processo de escolho do teu.
estrelinhas coloridas...

Cecilia Nery disse...

Denise, que história linda!
Não sabia que o seu ex libris tinha surgido de um desenho de seu avô. Que lembrança mais delicada ela deve lhe proporcionar. E que identificação. É isso aí. Espero um dia também fazer o meu, com o mesmo carinho e emoção que você fez o seu. Gostei muito de saber de nascimento do seu ex librir. Parabéns! Bjs.

Anônimo disse...

Linda a história, e lindo o seu ex-libris!

Deu vontade de imprimir logo o meu, que ganhei de presente de uma amiga (e estou enrolando tem um tempo =p)

Anônimo disse...

Que coisa mais linda esse post. O seu ex libris é perfeito e ainda tem uma história incrível por trás!


Camila F.