quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Menina lendo...
Aprendi a ler com mais ou menos cinco anos. Mas antes disso eu já escrevia meu nome e também palavras como papai, mamãe e vovó, numa clara demonstração de espírito de família por parte da minha mãe, que me treinava obsessivamente, como se eu fosse participar de algum concurso. A primeira palavra que lembro de ter lido foi “Rio”, o nome do cinema que ficava na esquina da minha casa. A segunda palavra foi “Cine”, que – é óbvio – precedia o “Rio” na grande placa no alto do prédio. Sempre que eu passava por ali, repetia as duas palavras como um papagaio, ao mesmo tempo em que insistia com a minha mãe para que me ensinasse a ler mais. Por que nossa memória guarda essas coisas? Lembro de treinar lendo o jornal que chegava todos os dias em casa, das letras garrafais e meio manchadas de tinta preta nos títulos. Eu poderia ser poética e dizer que desde aquela época eu já queria ser jornalista, mas não é verdade. Essa foi uma decisão tomada praticamente na hora de me inscrever para o vestibular. E foi um susto quando fui aprovada, embora eu tenha quase morrido de orgulho. Passei a infância e a adolescência lendo muito, mas sempre mudando a escolha da profissão. O engraçado é que quando passei no vestibular, a reação das pessoas que me conheciam na cidadezinha em que cresci foi mais ou menos essa: “só podia!”. Creio que só eu não sabia até então que passaria a ganhar a vida através das palavras. Mas isso eu já acho bonito.
Em tempo: a imagem que ilustra o post é uma tela de Jean-Honoré.
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Um comentário:
Que lembranças mais gostosas... Eu não me recordo das primeiras palavras que li, uma pena, mas sei que depois que aprendi não parei mais.
Quando era criança queria ser escritora, acabei jornalista. Troquei a ficção pela realidade, mas cá entre nós, adoro ficção.
Ah, sobre o livro de Manguel, que você citou no meu blog, este também está na minha lista. Bjs.
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